Aqui está, em primeira mão, a notícia que vai abalar o mundo e fazer correr tinta na Nature, na Science & Vie e no Almanaque Borda d'Água. Após extensas centenas de horas de observação, o Gato está em condições de afirmar que há formigas que não se interessam por açúcar.
A aturada investigação foi um resultado inesperado tal como a invenção do mata-borrão, da descoberta da penicilina ou a popularidade da vuvuzela. Com início após a manifestação de formigas no WC do castelo, pretendia-se apenas perceber a proveniência das convidadas para lhes aplicar doses massivas de formic... (ahaaam!...) para lhes dar as boas-vindas protocolares.
Para a formação do cortejo despejou-se um pacotinho de açúcar dos Cafés Delta (com receitas culinárias no verso) a um canto do WC, contando-se com o conhecido voraz apetite dos Formicidae (Wikipedia dixit) pela iguaria.
E eis que, surpresa das surpresas!, apesar de terem sido observados indivíduos da espécie a deleitar-se sobre o montinho de açúcar, o esperado cortejo não se completou.
Esta enorme descoberta científica, de enorme rigor e cuidado tratamento, é capaz de afirmar cabalmente que há formigas que não se interessam por açúcar. Por outro lado, ainda não fomos capazes de descobrir o que lhes interessa (especialmente passeando-se elas por um WC).
Os autores do presente estudo (eu!) colocam as seguintes hipóteses em cima da mesa:
- Formiga Previdente, tipo "mas que grande monte de açúcar que aqui está, é melhor não lhe tocar porque quando a esmola é muita o pobre desconfia";
- Formiga Transmontana, tipo "não sou muito amante de doces, o que eu gosto é de uma Bola de Bragança com azeite e enchidos diversos com um tintinho maduro a acompanhar";
- Formiga Light, tipo "açúcar não, que engorda, não há antes por aí um talo de aipo, para mais estamos no Verão e eu quero usar bikini";
Apesar de todas estas hipóteses, os autores alimentam uma remota esperança que esta nova formiga prefira alimentar-se de pequenas gorduras ressequidas depositadas em cantos inacessíveis da fritadeira.