Já não escrevo neste blog há sete dias. Isto a fazer fé no calendário porque, no meu caixote de memórias, foram sete semanas desde o dia em que o mundo inverteu o sentido de rotação.
O último ano foi atípico para mim. Mais do que factos tangíveis, foi atípico na minha consciência.
-- Relaxa... - disse a vozinha cá dentro.
-- Hãã?!? - esbugalhei os olhos, não acreditando direito no que estava a ouvir.
-- Relaxa. Tens corrido a vida toda em direcção a coisa nenhuma, a enfrentar gigantes que são ao fim e ao cabo patéticos moínhos de vento. Pára. Não queiras fazer tudo.
-- Mas o futuro... - atrevi-me a balbuciar uma resposta, prontamente interrompido.
-- Mas o futuro o quê, ó caramelo? Que vida tens feito tu? Que tens gozado tu? E se por uma vez na gaita dessa tua existência em vez de te esforçares tanto te dedicasses a apreciar a vida?, e te ouvisses a ti mesmo?
E, depois da estupefacção de ouvir a minha consciência dizer-me o contrário do que me disse toda a vida, assim foi. Estes últimos meses foram andando em ritmo de passeio, sem pressa, cabelos ao vento sol no rosto.
Num trambolhão a vida deu uma volta. Num estalar de dedos há de novo sentido, há de novo rumo, há de novo futuro.
-- Estás a ver, meu palerma? - disse-me a vozinha cá dentro ontem à noite - _Agora_ é que é o momento de saíres dessa moleza. Mas desta vez com juízo e sem perder o Norte!