quarta-feira, 30 de junho de 2010

"Gostei!"

"É uma casa cheia!" :)

terça-feira, 29 de junho de 2010

O meu vizinho


Da janela do meu quarto avista-se um terreno de cultivo. Não é um latifúndio, não é um grande terreno. Terá, talvez, uns quarenta metros por setenta. "É um pequeno terreno", dirão, e eu estaria tentado a concordar, não se desse o caso desse terreno ser cuidado por uma pessoa só. O grande e o pequeno têm destas coisas, movimentam-se ao sabor das escalas, e pela bitola do esforço de um homem esse terreno me parece bem grande.

Todos os anos assisto, da janela do meu quarto, à passagem das estações pelo calendário corporizado naquele terreno. O lavrar da terra, o preparar das sementeiras, o cultivo de dois grandes talhões de milho e um de batatas (que vão rodando), as canas amarradas em pirâmide por onde trepa o feijão verde, a apanha, a debulha e seca do milho, tudo isto marca o passar de mais um ano.

De tudo isto o meu vizinho trata. É ainda manhã cedo, o meu corpo regateia à consciência mais um pedaço de sono, e ouço já o trabalhar do sacho ganhando a luta contra as ervas daninhas ou o estalar da videira à tesoura da poda. A luz escorre pelas frinchas da persiana e já a água brota dos aspersores sobre o campo de milho. Abro a janela e a courela, ainda ontem a monte, lavrada está.


O meu vizinho, ainda não o disse, tem oitenta anos, e talvez mais alguns ainda. Fico impressionado com a vontade e a energia que tem para se levantar todos os dias para os trabalhos do campo (necessidade não tem). Fico admirado com a vitalidade de como é capaz de pegar cedo na enxada e fazer-se à jorna. Eu, nos trintas e emprego de costas direitas, gostaria de o conseguir também. Tenho de lhe perguntar como faz.










(Imagem retirada daqui.)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Saiu assim




Tão certo e tão livre.

Satisfeito. Sereno.

O pensamento bailava naquelas lides há que tempos.

A vontade queimava no peito, o nó da garganta asfixiava - impedia quase tão bem o ar de entrar como as palavras de sair.

O motivo há muito que rondava as conversas com eufemismos sem nunca se anunciar.

Naquele dia saiu assim.

Assim.

Sem mais.

Sem dramas, sem nervosismo.

Afinal, coragem alguma foi necessária como sempre julgara.

Confiança. Isso sim, confiança.

Saiu assim, a meio de uma conversa igual a outras tantas conversas entre os dois.

Sem rodeios.

E disse-o.

Sereno.

Disse-o.

Uma, e outra, e outra vez.

Tão certo e tão livre.

Feliz.

E ela feliz também.










(Imagem tirada daqui).

terça-feira, 8 de junho de 2010

Ausência

-- Então quando voltas tu a escrever no blog? Tenho saudades de te ler...

Não é a primeira vez que ouço isto, e sei que todas as pessoas que têm a mesma saudade merecem um pouco do meu tempo também.

Não é a primeira vez que ouço isto. A paragem não é por descuido e muito menos por desconsideração. Sei até que aqui o Castelo completou há quase um mês o seu primeiro aniversário, e a inspiração nem uma palavra só me entregou para a oferecer a vós.

Há variadíssimas razões para se escrever um blog, e este último é sempre um instrumento. Instrumento de exposição, de expiação, de crítica, de comunicação, de criatividade, de mensagem, de grito, de emoção. Quem publica fá-lo para os outros, é certo, mas sem dúvida para si mesmo também.

Para mim o blog foi e tem sido um instrumento de várias facetas. De expansão, de ruptura, de inovação, de expressão artística (como as Arranhadelas, os Gatafunhos ou os Textos), de expressão interior (como em Feliz, Cá dentro ou Isto hoje está bonito). Romperam-se amarras e mordaças, estabeleceu-se contacto, desabafou-se, ganhou-se coragem de abrir os pensamentos com quem não se conhece.

O Castelo continua a cumprir isso tudo. O banho-maria em que se encontra é temporário. É sinónimo de alguma paz interna, mas também de alguma desinspiração artística. Se da primeira gosto, a segunda resolve-se um destes dias. :)