quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Batatas para isto

Eu fui para jantar e dar dois dedos de conversa.
Não fui para que a menina se apaixonasse por mim em menos de um estalar de dedos.
Não, não provoquei.
Não, não procurei.
Batatas para isto...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Do interior do Gato

Coisas há sobre as quais tenho dificuldade em falar.

Coisas há sobre as quais tenho dificuldade em escrever.

Coisas minhas, muito minhas. Difíceis de expor.

Ficam sempre nas meias palavras, nas entrelinhas, nas metáforas.

Mesmo que seja aqui no "Castelo", anónimo.

Emergem por vezes correntes de sentimentos que são difíceis de dominar. Emergem em alturas de maior pressão, vêm à tona nas piores alturas possíveis - aquelas em que temos já arrelia bastante sem precisar que a mesma nasça também dentro de nós.

E o cansaço repetido soletra-se desânimo.

Pode ser que um dia alinhave uns parágrafos sobre isto.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Ironias blogueiras



Ontem, por piada, fui consultar as estatísticas aqui das visitas ao "Castelo".

No início de Outubro houve dois ou três dias muito movimentados que se seguiram a este post ("Gatafunhos de abraços"). Dele consta um gatafunho que (longe eu de imaginar tal coisa!) caiu bem no gosto da comunidade. Já encontrei o meu próprio desenho em toneladas de blogs por aí fora. O número anormalmente grande de visitas atribuo-o às menções que foram sendo feitas em boa parte dos blogues da origem do desenhinho, incluindo citações da mensagem original . Ó para o gatafunho:
No fim de Outubro tive também um dia em que o número de visitas foi completamente pulverizado, superando o dobro do maior pico até então. Foi o dia deste post ("Reflexão sobre uns vídeos ou aquilo em que a atenção do Gato ferra"). Pico enorme, restrito a um único dia.

Ora, neste caso o fenómeno parece-me claramente diferente do anterior - não me parece que tenham passado palavra de boca em boca (ou de blog em blog) do assunto. Acontece que o post estava "decorado" pela imagem abaixo, imagem essa que aparece (em miniatura) na lista de blogs seguidos em muitos sítios.

Estou em crer que a figura da menina sensual saíndo do televisor atraiu muitos visitantes de outros blogs aqui ao "Castelo". E, para quem de facto leu o post o facto é de suprema, suprema ironia.




Irónico também é eu dar muitíssimo mais valor à palavra escrita, usando a imagem apenas para conferir ligeireza gráfica ao "Castelo" e, ao fim e ao cabo, é a imagem que tem o maior impacto.

Mas, estou certo, os habituées deste tasco não é por causa das imagens que vêm cá tomar chá e bolachas.





segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Um "Olá" rápido e uma pequena prenda




É, dias escuros e todos os gatos ficam pardos, já se sabe. É por isso que não me têm visto por aí. Isso e porque nem todos os gatos são madraços e este anda num corrupio.

Anestesiado demais para eu próprio escrever um post interessante, trago-vos num embrulho catita uma prenda linda para qualquer "blogueiro".

Se querem ver um blog simultaneamente elegante e simples, onde as palavras emanam com uma naturalidade desconcertante do interior de quem escreve, de uma beleza que não precisa de adereços, então passem na Casa da Sisa. :)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Aula de alemão




Munique.

Pela primeira vez deslocava-se ao estrangeiro em trabalho.

Pela primeira vez tinha de fazer uma apresentação pública do seu trabalho perante os pares.

Pela primeira vez tinha de tomar a palavra em inglês e falar perante uma audiência.

E era já amanhã. A última apresentação do último dia do simpósio.

Apesar das quatro estrelas do hotel na elegante Leopoldstrasse, os dedos do desconforto teimavam em não lhe dar paz dentro daquele quarto. Apresentação mais do que revista e descurso ensaiado, só lhe faltava uma boa noite de sono. E sono não tinha.

Suspirou. Sentou-se na margem da cama, sobre a coberta florida de tons escuros e ligou a TV. Não lhe interessava a programação, não dominava uma palavra da língua. O aparelho cinzentão e quadrado cingia-se à vontade de uma máquina de passar o tempo na esperança que o cansaço se sobrepusesse aos nervos.

-- Os programas idiotas do costume...

Passava naquele momento um concurso apalermado para onde os telespectadores deveriam ligar respondendo a uma pergunta básica e assim ganhar alguma coisa. Conseguiu entender uma questão sobre a origem das batatas fritas (os alemães tinham feito o favor de adoptar o francês pommes frites).

Captou um ponto de interesse. Dado o jaez do programa, o número de telefone para onde os telespectadores deveriam ligar era repetido vezes sem fim, com o número escrito em letras amarelas e gigantes no ecrã, brilhando algarismo por algarismo em sincronia com a voz do apresentador que, lentamente e com boa dicção, os ia ditando.

Começou a repetir o número de telefone em simultâneo com o apresentador:

-- 942 536 536 - repetia - Neun vier zwei, füenf drei sechs, füenf drei sechs.

Mais uma pergunta, mais uma vez o número de telefone.

-- Neun vier zwei, füenf drei sechs, füenf drei sechs.

Teve a sensação de estar a assistir a um sucedâneo do Follow me!, programa de ensino de inglês que passava na TV depois da tele-escola quando era garoto, onde um senhor de aspecto muito british, impecavelmente vestido dentro de um fato cinzento e chapéu de côco aparecia no genérico subindo as escadas do Underground londrino.

-- Neun vier zwei, füenf drei sechs, füenf drei sechs.

Este improviso de aula de alemão rapidamente esgotou o seu interesse por amputado de alguns algarismos. O que era feito do um, do sete, do oito ou do zero?

Enfadado, premiu o botão do telecomando. No pantalha seguiam-se agora em catadupa anúncios de linhas eróticas, onde mulheres despidas em poses lânguidas ofereciam dois dedos de conversa ao telefone pago a tarifas absurdas.

-- Boa! - exclamou - Mais números de telefone!

E foi assim, entre olhos de carneirinho mal morto e vozinhas arrastadas que o Gato acabou por aprender também eins, sieben, acht e null.

A apresentação no dia seguinte foi OK, já que perguntam.

Auf Wiedersehen.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Prémio



Se as coisas continuarem assim nesta cadência, arrecado mais prémios que o Manoel de Oliveira. Se virem por aí um Gato de óculos verdes, desconfiem, especialmente se estiver a regressar do blog da Teresa (que me atribuiu este selo).



Ai tenho de falar sobre mim em 5 passos?



a) Eu já ...
... rodopiei, ri, cantei, corri, desafinei, caí, chorei, sorri, mimei, buli, disparei, dormi, toquei, conheci, pintei, vivi, errei, aconteci, acertei, por aí...


b) Eu nunca …
... ajo por má fé. Verdade. Porém, erro muitas vezes.


c) Eu sei ...
... uma pequena parte das coisas que gostava de saber. Dos átomos às galáxias, da minha rua ao mundo, das células às sequóias, das notas às sinfonias, dos pigmentos aos Van Gogh, das letras ao pensamento. São tantas, tantas, tantas as coisas que desejo saber... :)


d) Eu quero...
... um café. No imediato é um café que eu quero (preciso?).


e) Eu sonho …
... acordado. Sonho mais acordado do que a dormir. Sonho que o dia de amanhã será melhor do que o de ontem. Para todos nós.




Caros donos dos blogs da lista à vossa direita, façam o favor de levar este selo como vosso. :)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Tacto e coordenação




Há alguns anos, tantos que é quase precisa uma terceira mão completa para os contar a todos, o Gato teve aulas de condução. Ao volante do já então velho Fiat e acompanhado do pouco paciente instrutor cuja recordação mais forte é a do cheiro do SG Filtro, lá aprendeu a manobrar as latas mecânicas para que estas o levassem onde queria.


De solavancos, esquecimentos, asneiras e roncos despropositados do motor foram as primeiras aulas recheadas. Descrever uma simples curva era um pico de adrenalina numa confusão de gestos entre sinais, volante, espelhos, transmissão, indicações, alavancas, travões, linhas, pedais e o mais que viesse. Qualquer indicação dada com menos de 40 metros de antecedência era um prelúdio para o desastre.


E, com o correr das aulas, o tacto e a coordenação para a tarefa lá se foram aconchegando nos neurónios que, à custa de treino e sinapses com boa faísca, acabaram habituadinhos a manobrar a engenhoca com desembaraço e suavidade.


Assim têm sido as aulas de dança. A rigidez de movimentos, o desatino dos passos e a percepção atabalhoada das instruções vão dando lugar, devagarinho, devagarinho, a gestos que fluem um nadinha melhor no dia seguinte. E também aqui é preciso guiar:


-- O homem é que conduz a dança! - repete o professor - Mulheres, já sabem! Se houver asneira a culpa é sempre sempre deles!


Muitas almas gostariam de ver isto aplicado no alcatrão, desconfio. Valha-nos o comentário da A. no final da aula que, à falta de rapazes suficientes, teve de dançar como se fosse um:


-- É muito complicado ser-se homem!


E foi por hora e meia mal medida, minha amiga. Imagina uma vida... ;)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Prémio


Nas minhas voltas pelo Sair das Palavras, do Daniel Silva, encontrei uma prenda para mim.

Segundo o que vem descrito na mensagem do Daniel, o prémio/selo aplica-se a "blogs que, além da assiduidade das postagens e do esmero com que são feitos, nos provocam a necessidade de reflectir, questionar, aprender e – sobretudo – que instigam almas e mentes à procura de conhecimento e sabedoria."

A mim o elogio parece-me demasiado (e não é falsa modéstia). Contudo, não deixo de agradecer e sorrir pela lembrança.

Dedico este selo a todos os blogs/bloggeiros que figuram no "Saco de Gatos". :)