Sexta feira à noite, esperando o autocarro para regressar a casa. O olhar deteve-se sobre um casal, bem na casa dos cinquenta anos. De mãos dadas, ele e ela.
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Dei por mim reflectindo que há muitos dias não via ninguém de mãos dadas. Isto pode-vos parecer estranho, ou até irrelevante, mas para mim naquela noite em Helsínquia não o foi.
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Os finlandeses são, no geral, simpáticos. Sorriem. Procuram ser prestáveis quando os interpelamos. Oferecem ajuda espontaneamente. Mas não são dados a grandes manifestações de sentimentos. Mantêm uma atitude muito independente, auto-contida e quase esfíngica por vezes. Características dos povos. Os nórdicos costumam dizer que os portugueses são afáveis. Os portugueses dizem de si mesmo que as coisas já não são como eram e que os brasileiros, esses sim, são uns tipos abertos. E por aí vai.
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Passei então a tomar mais atenção às mãos das pessoas com que me cruzava. Todas soltas. Todas distanciadas. Num conjunto de enfarpelados convidados de um casamento reparei numas mãos dadas de forma quase (?) protocolar e onde os rostos denotavam constrangimento e falta de à-vontade.
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Aquele casal de meia idade era diferente. Davam as mãos. A cabeça dela, cansada, encostava-se ao ombro dele e recebia um beijo e um afago no cabelo. Olhavam-se com imensa ternura, trocavam uma festa de vez em quando. Sem medo.
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Este par inspirava tanta ternura e encanto como pena. Porquê pena? Pelo pormenor que até agora vos ocultei: ele e ela estavam bem alcoolizados. E, sem a desinibição do álcool, jamais os seus gestos saltariam para o lado de cá da fachada. A ternura, existiria à mesma nos seus corações, estou certo.
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Dei por mim reflectindo que há muitos dias não via ninguém de mãos dadas. Isto pode-vos parecer estranho, ou até irrelevante, mas para mim naquela noite em Helsínquia não o foi.
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Os finlandeses são, no geral, simpáticos. Sorriem. Procuram ser prestáveis quando os interpelamos. Oferecem ajuda espontaneamente. Mas não são dados a grandes manifestações de sentimentos. Mantêm uma atitude muito independente, auto-contida e quase esfíngica por vezes. Características dos povos. Os nórdicos costumam dizer que os portugueses são afáveis. Os portugueses dizem de si mesmo que as coisas já não são como eram e que os brasileiros, esses sim, são uns tipos abertos. E por aí vai.
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Passei então a tomar mais atenção às mãos das pessoas com que me cruzava. Todas soltas. Todas distanciadas. Num conjunto de enfarpelados convidados de um casamento reparei numas mãos dadas de forma quase (?) protocolar e onde os rostos denotavam constrangimento e falta de à-vontade.
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Aquele casal de meia idade era diferente. Davam as mãos. A cabeça dela, cansada, encostava-se ao ombro dele e recebia um beijo e um afago no cabelo. Olhavam-se com imensa ternura, trocavam uma festa de vez em quando. Sem medo.
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Este par inspirava tanta ternura e encanto como pena. Porquê pena? Pelo pormenor que até agora vos ocultei: ele e ela estavam bem alcoolizados. E, sem a desinibição do álcool, jamais os seus gestos saltariam para o lado de cá da fachada. A ternura, existiria à mesma nos seus corações, estou certo.
6 comentários:
Ok, só dão as mãos com a buba. Lindo! Lol!
@Castanha Pilada:
Numa leitura muito "zás-trás-pás" é mais ou menos isso.
Num segundo plano, fica para cada um pensar naquilo que perde por inibição.
R.
Eu comentei ontem aqui e na hora foi tudo para o espaço. Eu já nem me lembrava o que tinha escrito. :(
Talvez alguma coisa como quanto mais quente a temperatura do país, mais desinibido nos gestos e nos carinhos. E nos mais frios, para isso é preciso uma dose a mais para esquentar. ;)
beijocas
@A Senhora:
Pena esse comentário perdido! Juro que desta vez não fiz asneira com os comentários! :)
Quanto ao calor... pois quem sabe? :)
R.
Pois... o "happy end" frustrou-se um pouquinho!
@mfc:
Talvez. Mas isto é uma reflexão sobre factos, não uma ficção. :)
R.
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