A imagem ficou na retina, aquela pessoa chamou a atenção. Porquê? O que tinha de especial? Porquê fixar aquela figura em particular e lembrar-se dela de quando em vez?
O Gato passou todo o Sábado trabalhando em casa. O YouTube fez companhia durante boa parte do dia, vídeos uns atrás dos outros para a música entreter durante as tarefas. Cozinhando, arumando, cantando, limpando, dançando, organizando, fazendo teatro. Conhecem o cliché do tipo fazendo da vassoura guitarra ou microfone? É, esses felin... (aham!) tipos existem mesmo...
Ora, se bem que os vídeos do YouTube iam passando essencialmente pela música, a verdade é que um vídeo, por definição, tem imagem animada. E, sabemo-lo bem, nos videoclips, onde a imagem deveria ser o acessório e a música o essencial, estes papéis são o mais das vezes invertidos (e não é de agora). E os produtores de videoclips recheiam-nos de imagens cativantes e que prendem a atenção. Dito de outra forma e sem rodeios: mulheres bonitas.
Sucede, pois, de que além das músicas voando dos altifalantes, pelo ecrã daquele computador na tarde de Sábado desfilaram dezenas de caras lindas, com corpinhos de modelo, roupas ousadíssimas e planos de pormenor sensuais. Coreografias complexas, gestos sedutores em câmara lenta, olhares malandros para as câmaras.
E eis que ao fim do dia, estafado e fazendo a minha ronda pelos blogs, aterro no Caldeirão, e dou com este vídeo.
(Resumo para quem não quiser ver o vídeo: um homem e uma menina tocam um samba a quatro mãos usando uma única guitarra. Pelo meio de uma execução soberba vão fazendo algumas habilidades típicas deste tipo de números.)
A imagem da menina tocando o sambinha ficou-me na cabeça e eu percebi porquê. Revi o vídeo para ter a certeza.
Silhueta de modelo? Não.
Penteado e maquilhagem apurados? Nada.
Decote ousado? Nem vê-lo.
Mini-saia no limite? Nem saia sequer...
Busto de esbugalhar os olhos? Nem para lá.
Gestos provocantes? Népias.
Sorrisos calculados? Nada.
Mas o número do sambinha captado no video amador sem truques e pós-produções mostra o que a aparência não mostra: o riso genuíno de quem está tirando partido do momento, a interpretação cuidada que deixa adivinhar sensibilidade apuradíssima, as mãos que emanam habilidade, a mestria do desempenho que revela muita persistência e estudo pondo de parte o leviano e superficial, e muita muita inteligência capaz de juntar estas características num conjunto coerente.
Bem diferente das mulheres dos outros vídeos todos, na sua imagem simples, quase anódina, blusa branca e camisolinha cinzenta, a menina podia até passar por freira num filme de Domingo à tarde na TV. Mas, se o Gato tivesse que fazer escolha, era quem escolhia para sentar, conversar e ouvir o que tem para dizer. Porque em sensibilidade, habilidade, persistência e inteligência o Gato ferra.
(A imagem veio daqui)
11 comentários:
Gato, assisti aquele video um monte de vezes e junto com os meninos. A mocinha realmente transmite tudo isso! :) E leva a gente junto!
beijinhos
@A Senhora:
Gostei do "E leva a gente junto!". Isso resume tudo em cinco palavras. :)
Beijinho,
R.
Fabuloso, Gato. A música e a reflexão associada. :)
@mf:
Já várias vezes tinha reflectido sobre o assunto. É curioso como um simples video conseguiu pô-lo em evidência e em alto contraste.
:)
R.
Pois é. E assim se sobe na consideração das criaturas! Optares pela "sensibilidade, habilidade, persistência e inteligência" numa mulher é obra!
És aquilo que considero um Gato a sério!
Só uma perguntinha, inocente, claro! Como é que ficaram, em termos de eficácia, os afazeres caseiros?
Abraço.
@TERESA SANTOS:
Serão opções assim tão raras para serem consideradas "obras"? E se fosse uma reflexão nos mesmos moldes de uma mulher acerca dos homens, acharia mais natural ou igualmente estranha? ;)
Claro que isto dá mote a uma discussão com pano para mangas, são perguntas que me ocorreram enquanto escrevia, porque apesar de o texto ser uma reflexão minha sobre eu mesmo (que, apenas por acaso, foi partilhada no blog) a verdade é que de imediato previ que iria originar palavras como as suas. Talvez num outro texto... ;)
Os afazeres... dependem da habilidade e da persistência... hehe... :)
R.
Agora não tanto, mas se recuarmos uns aninhos, poucos, sim, sem dúvida! O homem valorizava (claro que houve/há excepções) na mulher outros atributos que não aqueles que referes. De facto, este tema dá "paninho para muitas mangas"...
Que venha esse outro texto para o discutirmos com mais profundidade.
Não quero que a questão que colocas fique sem resposta. Não, se fosse a inversa não acharia estranho.
E os afazeres, seja quem for que os realize, vivem muito da arte e do engenho.
Abraço.
@TERESA SANTOS:
OK!, qualquer dia alinhavo umas ideias sobre esses outros temas. Não prometo é quando... :)
Abraço,
R.
Aguardemos, então! O tema promete...
Abraço.
Gato de Botas (uma das minhas fábulas favoritas),
Eu vi o video e amei!!! Tanto que peço para postá-lo lá no meu blog.
Mas sabe que quanto mais eu vivo , mais acredito que a verdadeira beleza esteja mesmo na simplicidade, nas pequenas coisas e pequenos gestos :o)
@Turmalina:
Bem vinda por cá, como são bem vindos todos os que gostam de gatos com ou sem botas. :)
O vídeo não é meu, pelo que não tem de me pedir autorização para o colocar no seu blog. Está disponível no YouTube com os respectivos créditos.
E, sim, a perspectiva das coisas boas centra-se no essencial. :)
R.
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