quarta-feira, 29 de julho de 2009

Arranhadelas V

Esta "Arranhadela" é um pouco diferente, carrega um texto mais ou menos longo no dorso.

Ainda no outro dia comentava com uma pessoa que o piano tem, do ponto de vista social, um defeito grave: é grande demais, um perfeito mastodonte, dificílimo de transportar, tão pesadão que serve de cliché nos filmes.

Uma boa parte dos músicos pode levar o seu instrumento com relativa facilidade para qualquer lado: uma guitarra, uma flauta, um violino, um clarinete, todos eles se transportam com facilidade para um acampamento, um piquenique ou uma festa, formando uma banda ad hoc em qualquer sítio ou ocasião, tocando e cantando com os amigos ou mais quem vier.

O pianista está "lixado", não leva o piano para lado nenhum, e se quer tocar música fica preso em casa, amarradinho ao grandalhão sorridente em 7 oitavas e meia. Ou bem que se tem convidados a toda a hora, ou tocar piano acaba por ser um hobby um tanto solitário.

Afinal de contas, o que é que consegue ser ainda menos transportável que um piano?!?
Ehr... Talvez um órgão de tubos numa igreja?!?

-- R., tenho dois casamentos em Agosto e gostava que fosses lá tocar a Marcha de Mendelssohn e a Ave-Maria de Schubert.

Irónico, hã? Só falta aprender carrilhão de sinos...

Não sei o que os cortesãos aqui do Castelo fazem com as "Arranhadelas" - se as ouvem, se se fartam a meio, se passam à frente.

Eu, pela minha parte, gosto de imaginar que cantam, que me acompanham, que por um momento juntam a sua voz às minhas notas e a letra ao instrumental e, por breves minutos, não estou a tocar só mas tenho a vossa companhia ao meu lado. Fica assim a música mais rica e eu um pouco mais contente. :)



Então, se querem ter a gentileza de me acompanhar, podem ver a letra aqui. "Fado do Encontro" do Tim (Xutos) interpretado no original em dueto com a Mariza. De fado o tema tem pouco (e a minha versão não destoa), seguindo mais a onda sulista dos blues de New Orleans.



6 comentários:

Anónimo disse...

Eu já toquei piano, mas não deu muito certo. Tem o teclado que você pode carregar (admito que com certa dificuldade) para os lugares. Se bem que o som do teclado nem chega aos pés do som do piano, sem contar a falta de algumas oitavas. Bem, pense que isso tudo faz do piano um instrumento mais interessante. todo mundo pode falar que toca violão, por exemplo. Quem não sabe fazer dois acordes e tocar uma música do Titas?! É fácil! Agora tocar piano é que é algo a se gabar! rs.

R. disse...

@Erika Freitas:

Eu confesso que não sei tocar violão nem sequer os dois acordes de uma música do Titas (que eu não sei quem é mas daqui a pouco vou ao YouTube descobrir).

Eu também não posso afirmar com muita segurança e muito menos me gabar de saber tocar piano. É por isso que chamo a estes meus posts "Arranhadelas" - e isto não é falsa modéstia. Contudo, é ainda assim uma das minhas facetas artísticas mais desenvolvidas (pobres das outras!) e estas "Arranhadelas" são, antes de mais, uma partilha.

Gostei de a ver de novo por cá, Erika. Calculo que Tim, Xutos e Mariza não lhe devem dizer muito (estarei errado?) mas há sempre o YouTube. Espero que um destes dias siga cantando também. :)

R.

Anónimo disse...

É... Som de piano é diferente de teclado - meu moleque já torce o nariz quando tem que tocar o teclado em lugar que não é nossa casa, mas... é a versão portátil do piano :)) Concordo com a Erika.

Eu conheço a Mariza, revirando o Youtube, evidentemente... ;) Mas dificilmente conseguiria cantar!

E o seu blues ficou sensacional! :))

Eu estava fazendo a listinha das coisas que você diz "não saber fazer", mas arrisca... :)

Beijinhos, Gato!

R. disse...

@A Senhora:

Pois estou curioso de conhecer essa lista. ;) É sempre uma incógnita o nosso reflexo nos demais.

Beijinho,

R.

Jane Doe disse...

Uma das coisas que me fascina no piano é exactamente o poder tocar numa sala vazia, cheia pelas notas.

E hei-de aprender!

;)

Estou mesmo a gostar de ouvir. Todas.

R. disse...

@Jane Doe:

Ainda bem que gostas.
Um dia haveremos de tocar a 4 mãos. :)

R.