Não faz muitos dias que coloquei aqui no blog uma mensagem intitulada O salão de baile. Uma mensagem como tantas outras, pensei eu. Surpreendeu-me essencialmente por dois motivos:
Primeiro, porque parece ter despertado mais interesse do que o habitual - nunca uma mensagem aqui n'O Gato do Castelo recebeu tantos comentários. Eu não escrevo para os comentários, muito menos escrevo para coleccionar seguidores - e, perdoem-me a vaidadezinha que nesta pequena dose não é defeito, tenho poucos mas reconhecidamente bons.
Segundo, e semente desta mensagem, o Daniel Silva (Lobinho) deixou-me um comentário curto e acutilante:
"O futuro está sempre presente em ti, R. I wonder se viverás o presente com a mesma intensidade."
E pronto, Daniel, arranjaste maneira de me pôr a pensar no assunto!
Antes de mais, a pensar como é que através de meia dúzia de linhas avulsas que fui escrevendo foste capaz de me tirar uma radiografia a um plano meu que ainda nem eu próprio reconhecia.
Segundo, pela pontaria certeira do comentário.
É bem verdade, tenho o futuro sempre presente.
Do passado tiro algumas lições, mas recuso-me a viver nele. É uma experiência, não é um mundo.
E o presente? Dou por mim a trabalhar sempre em prol de um futuro que não sei bem qual é mas que o quero o melhor possível. O presente tem sido sempre uma arena onde se luta por um futuro melhor que há-de chegar. Faz-se a cada momento aquilo que soa correcto. E aquilo que soa correcto é, com frequência, contrário à nossa vontade ou conveniência quiçá egoísta.
Resulta daqui um epicurismo abastardado, uma procura de bem-estar próprio no reflexo das acções que se crêem acertadas, a dádiva do seu melhor a quem nos rodeia, o sentimento de dever cumprido, um presente/passado que se acredita merecedor de um futuro condizente.
O presente, segundo esta filosofia de trazer por casa, acaba não por ser um ponto importante mas uma passagem, uma ponte ou transição para algo maior e pleno.
Mas agora reparo que hoje é o futuro de ontem. O que me anda a escapar? Desconfio que são os dias.
(Imagem retirada daqui)
4 comentários:
Excelente reflexão!
Dá para delirar em cima disso! :)
bjs
@A Senhora:
Delírio, sim. De dar em louco... :S
;)
R.
"O presente, segundo esta filosofia de trazer por casa, acaba não por ser um ponto importante mas uma passagem, uma ponte ou transição para algo maior e pleno."
Pronto. Eis a explicação para viveres hipotecado no futuro ;)
Just don't it.
aquele abraço amigo
@Daniel Silva:
Tentarei. :)
R.
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